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Quais as orientações da CNBB para o período eleitoral? Padres podem se candidatar? E um candidato pode pedir votos dentro da Igreja? Essas perguntas surgem com frequência em época de eleições no Brasil. Para ajudar as pessoas a entenderem a atuação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e das Igrejas Particulares nesse contexto, a Assessoria de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) da CNBB preparou um documento com respostas a esses questionamentos.
Frei Jorge Luiz Soares da Silva, assessor responsável pela RIG, explica que o documento foi formulado a partir das perguntas que chegam à Conferência sobre a visão que a Igreja tem da política, suas expectativas e qual o nível de participação e de engajamento nesse processo eleitoral.
Outra dúvida apresentada com frequência à Conferência Episcopal é sobre a possibilidade de padres e bispos atuarem diretamente na política, seja na promoção de algum candidato, seja na própria candidatura, disputando alguma vaga em algum dos cargos públicos.
“Nós procuramos responder, exatamente dentro daquilo que é a orientação da Igreja, o ensinamento da Igreja, sobretudo a partir da encíclica Fratelli Tutti, e com base naquilo que é a Doutrina Social da Igreja, apontando a política como um meio necessário para a construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária, e também respondendo exatamente à forma como a Igreja atua, não no campo de promoção direta e imediata de algum candidato, mas exatamente procurando apresentar os pilares, aquilo que é uma reflexão sadia a respeito da política para que possa ajudar aos eleitores na escolha dos seus candidatos, justamente levando em consideração aquilo que são os valores que a Igreja defende através da Doutrina Social da Igreja e, mais recentemente, da encíclica do Papa Fratelli Tutti”, contou.
O documento está estruturado em quatro pontos: a recomendação sobre a atuação de padres e bispos; a candidatura de membros do clero; o debate político dentro das Igrejas Católicas; e o pedido de votos nas celebrações e sobre o apoio de padres e bispos a candidatos.
O primeiro apresenta as recomendações sobre a atuação de padres e bispos no contexto eleitoral, e recorda as orientações gerais oferecidas pela CNBB em anos eleitorais “sobre o que se deveria levar em consideração no momento do voto nos que exercerão as funções de legisladores e governantes”.
Essa orientação, lê-se no documento, é feita a partir da Doutrina Social da Igreja, que apresenta para isso princípios como justiça social, solidariedade, defesa da vida desde a sua concepção até a morte natural, cuidado com os mais vulneráveis, a defesa da Ecologia Integral e a promoção do bem comum.
O documento recorda a proibição de os clérigos assumam cargos públicos que importem a participação no exercício do poder civil. Essa norma deixa claro que é vedada aos clérigos a participação no pleito eleitoral, como candidato ao exercício de qualquer poder civil.
O ambiente da vida eclesial não pode ser transformado em “palanques eleitorais”, salienta o documento, sublinhando o ambiente da assembleia litúrgica, as celebrações, onde se deve viver e celebrar a comunhão.
Por outro lado, a Igreja deve-se criar ambientes de reflexão à luz da Fé e do Magistério da Igreja com o intuito de formar nos fiéis uma consciência política com base nos princípios apontados pela sua Doutrina Social, especialmente na forma proposta pelo Papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti.
Tendo presente que padres e bispos são também cidadãos civis e tem o direito e o dever de escolher e votar, de forma consciente, nas pessoas que julgam aptas a exercerem funções de poder civil, o documento esclarece que “a Igreja adota uma posição de neutralidade política e não apoia diretamente candidatos políticos específicos”. Ela oferece, por sua vez, orientação, baseada em sua Doutrina Social.
Não deixa de ocorrer, porém, a necessidade de que bispos e outras autoridades eclesiásticas emitam
declarações ou oriente os fiéis sobre questões específicas, especialmente em contextos em que há preocupações graves sobre políticas que contrariam os princípios fundamentais da fé e moral católica.
O documento também apresenta as definições dos princípios da boa política, de acordo com a carta encíclica “Fratelli Tutti”, do Papa Francisco.
São os princípios: serviço ao Bem Comum; respeito pela Dignidade Humana; promoção da Justiça Social; combate à corrupção; cuidado com a Criação; diálogo e inclusão; e paz e reconciliação.
Baixe o arquivo completo aqui.
Fonte: CNBB/Divulgação
Imagem: CNBB/Divulgação