Nesta terça-feira, (17) de dezembro, na Diocese de Juína aconteceu a missão na aldeia Primavera, da etnia Rikbaktsa, uma missão marcada pela celebração da fé, diálogo e respeito à cultura indígena. A celebração Eucarística foi presidida pelo bispo diocesano Dom Neri José Tondello e contou com a participação do padre Ernesto, do diácono Renan e dos seminaristas da diocese.
Diácono Renan, Seminarista Kayo, com as crinças da Etnia Rikbaktsa - Foto: Pascom Diocese de Juína
A missão proporcionou um momento único de integração, tanto para a Diocese quanto para os povos indígenas. Após a celebração, um momento de escuta (sinodalidade) reuniu lideranças da aldeia, que expressaram seus anseios e desejos para o próximo ano (2025), além de agradecerem a presença dos Seminaristas da Diocese.
Dom Neri destacou a importância da missão como experiência formativa para os futuros padres, reforçando o compromisso da Igreja com os povos indígenas, que são parte essencial do território da Diocese de Juína. “É uma alegria estar aqui com vocês, conhecendo e aprendendo com a riqueza dessa cultura, e trazendo nossos seminaristas para essa vivência tão significativa”, afirmou o bispo.
Etnia Rikbaktsa espaço sagrado (MYKYRY) - Foto: Pascom Diocese de Juína
Foto: Pascom Diocese de Juína
A celebração foi realizada no MYKYRY, um espaço sagrado que ocupa o centro da aldeia e é fundamental para a vida da comunidade Rikbaktsa. No MYKYRY, além das celebrações, são transmitidos ensinamentos às crianças e realizados os principais rituais e festividades da etnia. Os líderes explicaram a importância desse espaço e os cuidados com sua construção, destacando que ela deve ocorrer fora do período de lua minguante, pois a umidade favorece o aparecimento de fungos que prejudicam a palha utilizada na estrutura.
Sobre os Rikbaktsa
Pajé do Povo Rikbaktsa - Foto: Pascom Diocese de Juína
Os Rikbaktsa, conhecidos regionalmente como “Canoeiros” ou, mais raramente, como “Orelhas de Pau”, possuem uma cultura rica e identidade marcante. Sua autodenominação, Rikbaktsa, significa “os seres humanos”:
• Rik: pessoa, ser humano;
• Bak: reforço de sentido;
• Tsa: sufixo plural.
O nome “Canoeiros” faz referência à habilidade no uso e na confecção de canoas, essenciais para a locomoção nos rios da região. Já a denominação “Orelhas de Pau” está relacionada ao uso de botoques de caixeta — uma madeira leve — inseridos nos lóbulos alargados das orelhas, prática tradicional que simboliza identidade cultural e ancestralidade.
A missão representa não apenas um ato de fé, mas também um passo significativo no fortalecimento dos laços entre a Diocese e os povos indígenas, em um caminho de escuta, respeito e unidade. Para os seminaristas, a missão foi uma oportunidade de vivenciar a vocação missionária e compreender a importância de uma Igreja presente e próxima, que respeita e aprende com a diversidade cultural.
A presença da única cacica na celebração foi um momento especial. Em sua fala, ela destacou a importância da visita missionária e do acompanhamento pastoral contínuo na aldeia, ressaltando o valor da presença de religiosos na comunidade.
A Diocese de Juína, ao realizar essa visita missionária nos povos Rikbaktsa, reafirma o compromisso com a missão pastoral e o diálogo intercultural, promovendo um encontro de saberes, tradições e fé.